07/07/2011

Heloísa


O relógio batia já o ponteiro das 4 da manhã e Heloísa ainda não dormia. A cama parecia ser feita de espinhos onde cada mudança de posição parecia cortar-lhe a pele, seu quarto não parecia tão aconchegante, parecia mais o pólo norte do planeta onde nada podia aquecer. Os olhos já não conseguiam ser fechados sem que não tivesse uma ardência, daquelas que as pessoas sentem quando estão gripadas ou cansadas de tanto chorar.
Infelizmente, ela não estava gripada.
Já havia uma semana que o descanso do trabalho havia sido lhe dado e ela, ao invés de pular fora de todos os problemas possíveis que o trabalho e a rotina cansativa lhe traziam, apenas fazia se aprofundar cada vez mais. Tinha medo de tudo. Do medo da solidão, da morte, do descaso que um dia alguém que ela tanto amasse ou considerasse poderia lhe dar, do medo da não aceitação, do medo de ela querer ser quem ela realmente não é. Ou não poder ser quem ela realmente quer ser.
Já havia tempos que ela sentia essa sensação de insegurança e tristeza momentânea. Em uma semana ela poderia estar rindo bêbada com os amigos, sem pensar em nada, apenas em como sua vida estava tranqüila e que nada podia atormentar-lhe durante a estadia na casa da felicidade. Mas na outra todos os monstros que desejavam o seu fracasso estavam lá, rondando sua casa, sugando sua vida aos poucos, como se estivessem a torturá-la com as suas agulhas imaginárias vindas da sua cama. E então os choros começavam, o sentimento de abandono começava, tudo de ruim começava “em um passe de mágica”, como dizem aqueles escritores clichês.
E sua vida começava a se esvair, a coragem para trabalhar era pouca, a vontade de viver era pouca, tudo era pouco. Nada era demasiado bom ou atrativo, apenas pouco.
Então vai lá, a Heloísa triste, mais uma vez, pegar um copo de vodka e um calmante. Em um lado de sua consciência ela só queria pegar no sono mais rápido, mas por outro, como todos os que rondavam sua vida sabiam, ela queria revogar o direito de viver. Por isso fazia esse processo toda noite, a partir das 4 da manhã, quando via que não havia mais jeito para a insônia.
Tinha tanto medo de tudo, a Heloísa.
Ao voltar pro seu quarto ela cai desmaiada, acho que dessa vez ela conseguiu o que queria. Mas não, não tinha. Ela agora estava em um canto ensolarado, muito ensolarado na verdade. Mas esse sol não esquentava tanto, apenas confortava. Estava descalça, usava roupas brancas e andava sobre um enorme jardim, tão grande que não se conseguia ver o fim. Ela andava com um sorriso na boca, não entendia por que, pois até pouco tempo estava debruçada sobre o deck da cozinha choramingando feito uma garota de 10 anos, mas estava sorrindo. Sentia uma alegria muito grande dentro de si, uma paz, uma segurança, o medo já não conseguia adentrar em seu coração, ela andava pelo gramado verde e brilhoso sem nenhum medo de se perder, de não andar do jeito que a sociedade queria, de não ser quem ela realmente fosse. Não, ela não tinha medo de nada.
Quando ela se encontra com um homem, barba e cabelos longos e brancos. Uma auréola parecida ser feita de ouro maciço, que reluzia sobre o sol forte e confortante. Ele também sorria, vestia um sorriso lindo na face, um sorriso acalmante, bonito. Mas não falava nada, ele só sorria. Foi quando a curiosidade de Heloísa foi mais forte e perguntou “quem é você? Que lugar é esse e o que eu estou fazendo aqui?” ele continuou sem falar, apenas sorria. Foi quando o mesmo estendeu a mão, tocou-a, abraçou-a.
Foi nessa hora que Heloísa acordou no hospital, com umas 10 pessoas a olhando fixamente, umas duas mulheres com o terço de Nossa Senhora na mão, outras com um buquê, outras apenas segurando as próprias mãos e chorando.
Heloísa olhou, respirou fundo e tentou se lembrar do que tinha acontecido, mas nada vinha a sua mente, apenas o jardim. O jardim e só.
O jardim era onde ela deveria estar o tempo todo, só que não conseguia, pois os medos e as inseguranças a traçavam o caminho sombrio. Seus pés descalços eram a forma de dizer ao mundo que a simplicidade era o melhor meio de vida. As roupas brancas simbolizavam a paz que ela queria sentir a tantos anos, o tamanho do jardim era imenso pois a sua vida era imensa, só que ela não conseguia vê-la por causa da negra parede que lhe cercava como muralha.
O homem, bem, o homem era o que todos sabem. O único que pode consolar-los, o único que pode deixarmos bem e tranqüilos. O homem era Deus na visão de Heloísa.

06/07/2011

Flechas


"De tudo que um dia me jogaram, tentando acertar, a única coisa que meu escudo não pôde proteger foi o amor. Deixei-o passar, pois era forte. Quanto ao resto, destruíram-se todos. Até por que meu escudo não é lá dos melhores, mas é mais forte que vários insultos-flecha."

Tenho medo


"Tenho medo da distância, tenho medo de num ser mais o que era antes, tenho medo de sofrer com o afastamento e a solidão que isso pode causar. Mas enfrento o medo, crio aquele lado otimista, e vejo que isso pode trazer coisas boas, e que podem trazer felicidades, mesmo que as mesmas venham com o brinde da saudade."

#Pensamento 04


 “Saia, divirta-se, converse, se abra, chore, sorria. Faça o que lhe der na cabeça, contanto que não machuque ao próximo.”

#Pensamento 03


“Quando à falsidade, deixe-a viver o seu próprio curso de solidão e desespero para ser usada, pois a mesma não leva-lhe a nada, apenas à ruína.”

#Pensamento 02


“Não se envergonhe do que faz, pois os erros são cometidos para serem consertados no futuro. Não tenha medo das críticas, pois as pessoas só criticam por que as mesmas querem ser iguais a você.”

#Pensamento 01


“O mundo de hoje está um caos para quem tenta ser bom e honesto no que faz, e isso só você pode mudar. Viva tudo o que tem para viver, sonhe e realize tudo o que tem para realizar, não tema o perigo, pois o medo é o diabo disfarçado.”